Brasil: o que fazer para sair do lugar?


ImagemA queda da demanda mundial impactou significativamente as economias de todos os países exportadores. Acostumados ao padrão de consumo voraz das nações desenvolvidas esses países surfaram uma onda que não necessariamente acabou, mas que diminuiu em muito a sua força. Com isso, alguns países tiveram que “olhar para dentro” e buscar alternativas para continuar crescendo. O Brasil, como todos sabem, concentrou-se no crescimento do seu mercado interno e do poder de compra dos brasileiros. Com uma grande parcela da população “faminta” indo às compras foi possível manter o crescimento com medidas artificiais como a queda nos juros e desoneração de impostos de alguns setores “escolhidos”.

Como todos sabem essas medidas mostraram-se produtivas no curto prazo, mas passados 5 anos da crise que abalou o mundo é visível que o Brasil precisa de uma nova fórmula se quiser crescer nos níveis necessários. Como já foi mencionado por esse blog aqui e aqui (clique para ver o post) a população chegou no seu limite de consumo e esperar que a “classe média” salve a economia já não é uma realidade nem para os mais otimistas tendo em vista que hoje as famílias estão se organizando para pagar as prestações feitas alguns anos atrás. Elas até gostariam de consumir mais, mas não podem.

ImagemA solução para colocar o Brasil nos trilhos do crescimento está clara para todo mundo. Ela passa por maciços investimentos em infra-estrutura para que o “custo Brasil” possa diminuir e nossos produtos voltem a ser competitivos no mercado internacional.   No entanto, os adversários do crescimento são pesos pesados:

  • Infelizmente não tem como ser competitivo com a esmagadora carga tributária com a qual convivemos.
  • Não é possível ser competitivo com uma legislação trabalhista arcaica que existe apenas para penalizar o empregador, sem nem perguntar se ele está certo ou errado.
  • Não há chances de convencer um empresário a investir num cenário onde as “regras do jogo” mudam a todo instante no qual o Governo decide quais serão os setores beneficiados com “pacotes”.

Com a realidade que se apresenta é nítido que os investimentos em infra-estrutura são o pontapé inicial, mas eles precisam ser acompanhados de um processo de desburocratização geral para que as coisas no Brasil possam “andar”. TUDO por aqui demora para acontecer porque todo mundo quer “tirar uma casquinha” e levar alguma vantagem, seja política ou econômica.

É por esta razão que, mais do que nunca, precisamos de lideranças genuinamente empenhadas em tirar o Brasil do Buraco. Essas lideranças devem passar por cima dos desejos partidários e ATROPELAR as ambições econômicas dos inúmeros aproveitadores que, ano após ano, levam milhões dos cofres públicos.

Pra frente Brasil! 200 milhões de brasileiros precisam que você avance para que o futuro seja tão promissor quanto os nossos sonhos.

Receita para o Fracasso


Crises que vão e vem normalmente nos ensinam importantes lições, principalmente para aquelas empresas que não controlam os seus custos nem investem naquilo que realmente gera valor para o cliente. Nestes momentos, é comum verificar organizações que até então não se preocupavam com gastos supérfluos iniciarem uma busca insana por toda e qualquer despesa que possa ser cortada. Até aí sem problemas (pior seria continuar como estava).

O problema começa no momento que as inúmeras partes decidem onde os cortes devem ocorrer.

  • A primeira ideia do Diretor Financeiro é cortar investimentos em Propaganda e Pesquisa.
  • O Diretor de Marketing, por sua vez, diz que até pode demitir alguns dos seus funcionários, mas o budget tem que ficar como está.
  • O Diretor de Produção faz um esforço e consegue um fornecedor mais barato (por que não fez isso antes???) e aceita demitir mais alguns para fechar a conta.
  • O Diretor de Gente e Gestão imprime um relatório e lista os funcionários que recebem mais…

A ideia de corte de custos sempre termina em demissões, mas demitir em si não é o problema. O PROBLEMA é o julgamento errado de quem deve ser demitido. Normalmente os critérios que são utilizados levam em conta unicamente o “Salário”, descartando o quanto aquele funcionário representa para o Valor entregue aos clientes e ao desenvolvimento do negócio no futuro.

Uma coisa é FATO: empresas com funcionários medíocres refletirão Mediocridade. Empresas que investem em profissionais capacitados seguirão crescendo.

É por esta razão que cortar gastos não deve ter o significado de cortar as competências (funcionários) que a empresa possui. Marcel Telles comentou que “em tempos de bonança as empresas podem se dar o direito de serem muito burras”, mas é no momento da crise que as boas organizações se destacam, retendo os talentos responsáveis por colocar a “máquina de volta aos trilhos” quando a turbulência passar.

Busquem ao seu redor exemplos desse tipo e tirem suas próprias conclusões. Tem empresas por aí que vão quebrar por não prestarem atenção nisso que eu falei e outras que estão perdendo oportunidades incríveis de crescimento por não entender que o sucesso depende de bons funcionários.

As relações entre o Consumo e o Investimento


Há alguns meses eu escrevi sobre a importância que o consumo deve ter para que as medidas que os governos estão tomando tenham realmente efeito no combate à crise. O fato é que, de lá para cá, tenho feito algumas considerações sobre o que eu julgo ser importante em uma economia que deseja de fato crescer, mesmo com as intempéries que uma crise como esta, de escala mundial, pode proporcionar.

Para entender como estas duas variáveis estão ligadas gostaria de realizar algumas relações simples, como por exemplo:

  • Consumo gera Investimento: quando há aumento na demanda, normalmente em períodos positivos da economia.
  • Investimento gera Consumo: em épocas de crise e reorganização da economia, na qual a demanda deve ser instigada por produtos que satisfaçam plenamente suas necessidades.

investimentoNa primeira colocação temos uma situação na qual uma crise normalmente funciona como um balde de água fria nos planos de longo prazo. Isso porque os tomadores de decisão já não prevêem mais aquele aumento de consumo esperado e com isso freiam os investimentos, com medo de que eles não atinjam o retorno esperado.

Na segunda colocação, no entanto, temos uma situação na qual a necessidade de buscar mudanças torna-se uma realidade latente, fazendo com que a gerência tome medidas que combatam a lentidão, os processos mal organizados, mas sobretudo arrumem a casa para se preparar para o momento seguinte.

Dito isso, resta discutir o que prevalece nessa história. Alguns dirão que as empresas devem investir quando possuem a certeza de que terão seus investimentos recuperados, enquanto outros tomarão o partido de que só o investimento pode fazer com que o consumo recupere os níveis anteriores.

Na minha opinião, existe um pouco de cada um nessa história. É claro que nenhuma empresa deve investir sem uma noção clara de qual serão os rendimentos do produto no futuro. No entanto, esperar que a demanda volte a aquecer para retomar ou iniciar os investimentos pode ser uma atitude ainda mais insensata. Investimentos não surgem da noite para o dia e esse intervalo de inércia pode afastar um concorrente terrivelmente, a ponto de não ser mais possível alcança-lo.

O que de fato eu defendo é uma visão de longo alcance a respeito do que acontece. Uma empresa, por menor que seja, precisa saber quais são as variáveis que atingem o seu negócio e, além disso, entender as tantas outras que atingem seus clientes e fornecedores. Organizações que conseguem fazer isso de forma clara (com menos erros possíveis) tendem a não se deixar envolver por períodos de euforia e trabalhar para que as necessidades de amanhã possam ser supridas por reservas feitas desde agora. As crises vêm e vão, mas é preciso estar preparado para elas. Nesses casos podemos perceber empresas que hoje, mesmo na crise, estão com suas reservas de capital nas alturas, prontas para abocanhar concorrentes que não souberam lidar com a euforia.

Mais do que isso, são as empresas que se preparam num momento pré-crise aquelas que serão capazes de realizar investimentos visualizando o futuro. Neste caso, por exemplo, podemos citar a rede de lojas Casas Bahia que mesmo sabendo que o consumo tende a baixar vai investir na abertura de aproximadamente 30 lojas num novo mercado – Nordeste – e ainda por cima desbravar o mercado das vendas online, hoje dominado pelo Submarino e Americanas. Quais as lições que podemos tirar? O presidente da empresa não espera aumentar os lucros neste ano, mas sim “empatar” com o do ano anterior, mesmo com esses novos canais de venda. No entanto, quando todo este furacão passar a empresa estará fortalecida nesses mercados que praticamente não receberam investimentos, saindo com vantagem na corrida por novos clientes.

Outro exemplo ainda mais latente são as empresas do ramo da infra-estrutura, responsáveis por obras no campo da energia, transporte ou saneamento. Investimentos nessas áreas demandam tempo e não podem ter o seu start num momento pós-crise porque neste caso já iniciarão atrasados. O momento para realizar investimentos nestas áreas é agora, ainda mais com os valores das matérias-primas caindo a cada dia. Trata-se de uma oportunidade fantástica tendo em vista que, no momento que a empresa estiver pronta para operar, ela terá diante de si um mercado pronto para consumir a energia elétrica, combustíveis, as estradas ou estações de tratamento.

Neste momento não devemos pensar que tudo está perdido e que as empresas irão ruir como castelos de areia. Algumas já ruíram, tantas outras possivelmente ainda ruirão porque tem um preço a pagar pelos erros sucessivos que cometeram no decorrer dos últimos anos. No entanto, é preciso visualizar também que há muitas empresas bem administradas que darão novo fôlego para a economia com os investimentos que estão planejando. No atual momento, as empresas devem valer-se de um bom uso de cenários e um choque de inovação. Isso sim é capaz de driblar crises e fortalecer ainda mais uma organização.